Asererrê
Rá derrê
Derreba dude rêbere
Seibiunouba
Seibiunouba
Marrabi ande bugui
Ande buididipi
Em 2003/2004, esse refrão totalmente sem sentido - que este escriba tentou relembrar de cabeça - estava na ponta da língua da juventude em todo planeta. A história dele começou na Espanha e veio parar no Brasil através da televisão.
Só bem mais tarde descobriríamos que já existia ali uma raiz estadunidense oculta.
O quinteto feminino Rouge nasceu em um reality show de música no início dos anos 2000 chamado popstars. Nada a ver com outro musical da TV, exibido a partir de 2014 pela Globo - aquele programa de calouros só com o elenco da emissora.
A atração que revelou as meninas era exibida pelo SBT e tinha um formato mais pra Ídolos, semelhante ao The Voice, ambos lastreados em uma maratona de audições com aspirantes a cantores. Só que o objetivo do popstars era formar uma girl band no estilo Spice Girls ou Destiny's Child.
Deu muito certo.
Talvez seja o grande mérito do programa: o único a realmente revelar talentos musicais que retornaram em vendas para a indústria no Brasil. O álbum de estreia do Rouge vendeu mais de 2 milhões de cópias. Um recorde até na América Latina.
Devem muito a uma canção chamada Aserejé, sucesso de quatro irmãs espanholas que formavam o grupo Las Ketchup. Por lá chegaram a associar a letra a algo demoníaco.
A música composta por Manuel Ruiz Queco fez muito sucesso na Europa e também nos países de língua hispânica. As brasileiras do Rouge gravaram uma versão composta por Rick Bonadio chamada de Ragatanga e que também estourou em todas as rádios deste país tropical.
A moda era cantar e fazer a coreografia igualmente importada.
Eu sei que você nunca se preocupou em escutar com atenção, e nem só o refrão: a letra toda é uma maluquice.
Tanto em espanhol quanto em português, fala-se de um certo Diego que chega chapado numa boate e tenta cantar e dançar ao som da música favorita dele. Mas o cara tá tão doido que se embanana todo e ela sai aquela maravilha que abre esta postagem.
O que ficamos sabendo muito mais tarde é que tratava-se de uma tentativa de o rapaz cantar a música Rappers Delight, do grupo Sugarhill Gang, um clássico do início dos anos 1980. O refrão da Ragatanga e de Aserejé está na primeira estrofe. Pode ouvir. É ele mesmo.
É só encaixar foneticamente, no melhor estilo embromation.
I said a hip, hop, the hippie, the hippie
to the hip hip hoppa ya don't stop
the rockin to the bang-bang boogie said up jumps the boogie
to the rhythm of the boogie the beat
Essa música fez muito sucesso por aqui há quase 40 anos e também foi chamada de Melô do Tagarela por causa do jeito de cantar que soava mais como alguém falando sem parar.
Pouca gente conhecia o rap. Mesmo nos EEUU.
Ela também ganhou versão em português gravada por, pasmem!, Luiz Carlos Miéle.
De versão em versão, deu no que deu. O Pop é essa mistura louca, que pode até se valer de elementos mais elaborados em um conteúdo que carregue mais significados. O que parece prevalecer mesmo é a diversão.
Pesquisa: Robson Leite
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