Resposta (1998) é a segunda música da parceria Samuel Rosa e Nando Reis.
Aconteceu de um Rock & Gol da antiga MTV reunir os dois, oportunizando um bate-bola de ideias musicais sensacional. Foi como se trocassem passes na grande área do pop - Nando driblou os Titãs e lançou a letra de trivela (via-Fax) para Samuel, que matou no peito e mandou muito bem, com vontade, na melodia.
É uma partida de futebol, gravado pelo Skank no álbum Samba Poconé, foi um golaço. Virou hino para os apaixonados pelo esporte bretão.
Pausa para arquivo pessoal.
Samuel sempre foi metido a craque de bola, desde os tempos da faculdade. Não que tenhamos feito algum curso em comum, mas jogamos bola juntos algumas vezes numa quadra que havia próximo à Assembleia Legislativa de Minas lá pelos anos 1990. Eu era colega de classe do manager do Skank Fernando Furtado.
PS: jogava muito mais bola do que ele. E nunca me gabei disso. Até agora.
Fim de arquivo pessoal.
Já em Resposta, que também seria gravada pelo grupo mineiro no disco Siderado (1998), a coisa funcionou diferente: Samuel mandou a melodia numa fita k-7 e Nando ficou com a tarefa de encaixar ali uma letra.
O ruivão vivia um momento emocional difícil. Havia terminado recentemente um relacionamento amoroso/profissional com ninguém menos que Marisa Monte.
Uma relação que começou na música. Os dois se conheceram nos bastidores de um show. Sem espaço nos Titãs, onde todos compunham, ele começou a escrever para/com Marisa. E acabaram fazendo outras coisinhas mais juntinhos.
A diva foi a primeira artista solo a gravar uma composição de Nando. Ainda Lembro (1991) foi também a primeira música em que os dois trabalharam juntos. E trabalhar com Marisa Monte foi o ponto de ruptura crucial na carreira de Nando Reis.
Só então, ele pode vislumbrar uma vida fora do coletivo que participava desde a juventude. Algo que só rolou de fato em 2002, mas que ganhou contornos a partir do sentimento de confiança do cantor/compositor em novos projetos.
Algo que também desembolou lindamente com Samuel Rosa.
Que nós perdemos
Ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro o que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
Dos versos que eu fiz
E ainda espero resposta
O que há por dentro
Desse lugar que ninguém mais pisou
Você está vendo o que está acontecendo
Nesse caderno sei que ainda estão...
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
Que nós perdemos
Ficou pra trás também o que nos juntou
Ainda lembro o que eu estava lendo
Só pra saber o que voce achou...
Dos versos seus
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
Em paz
Eu digo que eu sou
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
O que há por dentro
Você está vendo o que está acontecendo
Nesse caderno sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais
Eu fico onde estou
Prefiro continuar distante
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais
Eu fico onde estou
Prefiro continuar
Distante
A melodia encaixou mesmo no sentimento que Nando carregava.
Os versos trazem um arrependimento explícito de alguém que deixou um grande amor escapar. O próprio compositor confessou no canal dele do YouTube que foi o responsável pelo fim do relacionamento com Marisa.
Segundo Nando, a canção fala de uma resposta que não veio para um pedido perdão.
Nessa letra ele apresenta também o o tal caderno onde ele escrevia "os versos que eu fiz e ainda esperam resposta".
E esse caderno existe mesmo. Nele estão as originais de pérolas do artista como Segundo sol e All Star, gravados por Cássia Eller.
Outro trecho da canção - e esse remete diretamente ao relacionamento com Marisa - está na estrofe "(...) Ainda lembro o que eu estava lendo (...)" uma referência direta ao primeiro trabalho em parceria do casal, já mencionado aqui.
Em resumo: Resposta é um tremendo som de dor de cotovelo, em tom de desabafo mesmo, ao fim do relacionamento com Marisa Monte. Algo que o Nando jura que já passou - "(...)eu sou
o antigo do que vai adiante/Sem mais eu fico onde estou(...)" e bola pra frente.
Mas muito mais legal do que ler aqui é ouvir a história da boca do próprio Nando Reis. Ela está no canal oficial do cantor.
Também em seu canal no YouTube, Samuel Rosa classificou Resposta como divisora de águas para o Skank. Foi quando a banda migrou das batidas festivas regadas a reggaes para o que se podia chamar de canção folk, mais intimista. Algo que remetia a Beatles e Clube da Esquina, como bem detectou Milton Nascimento. Melhor assistir ao depoimento.
Pesquisa: Robson Leite
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